Desenho Universal – O que é e qual a sua relação com acessibilidade?

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O que é Desenho Universal?

O termo “Desenho Universal” é usado para o projeto de produtos, serviços e ambientes que possam ser usados por todos

No caso de ambientes físicos, idealmente eles devem atender às necessidades de todas as pessoas que desejam usá-lo. Isso não significa que seja um espaço exclusivo, voltado apenas uma minoria da população. Pelo contrário, como o nome já diz, “desenho universal” tem justamente como base a universalidade. 

O princípio fundamental do desenho universal é exatamente esse: permitir que o uso dos produtos, serviços e ambientes sejam feitos da maneira mais independente e natural possível, no maior número de situações, sem a necessidade de adaptação, modificação, uso de dispositivos de assistência ou soluções especializadas.  

Como se aplica o Desenho Universal?

Ao se utilizar o desenho universal na concepção de um produto, serviço ou ambiente, o objetivo deve ser o de incluir o maior número possível de pessoas. Visto que, se houver mais de uma opção disponível, deve ser escolhida aquela que for mais inclusiva. 

Por exemplo: ao instalar maçanetas nas portas de um ambiente físico, deve ser dada preferência às do tipo alavanca do que às do tipo bola. A maçaneta do tipo alavanca pode ser aberta com o cotovelo ou com o punho fechado, beneficiando pessoas que carregam objetos ou que têm força limitada nas mãos. Também deve ser dada preferência às torneiras do tipo monocomando, acionadas por alavancas ou através de sensor.

Maçanetas e torneiras do tipo alavanca, monocomando ou com sensor facilitam o manuseio por pessoas com força ou destreza limitada das mãos. Outro exemplo de aplicação é a construção de entradas com rampas ou em nível. Isso é igualmente útil para alguém que faz o transporte de móveis, empurra um carrinho de bebê ou usa uma cadeira de rodas. 

O desenho universal pode aumentar a usabilidade de um ambiente ou produto sem que isso represente um aumento significativo do custo. É uma solução que atende às necessidades de diferentes fases da vida, evitando a necessidade de adaptações posteriores, quando as habilidades ou circunstâncias podem ter mudado.  

Qual a relação com acessibilidade?

O desenho universal é centrado no ser humano e respeita os diferentes graus de dificuldade que as pessoas experimentam ao usar um produto, serviço ou ambiente. Em relação à dificuldade das pessoas, os perfis dos usuários podem ser os seguintes:

  • Não possui dificuldades significativos, mas aprecia produtos, serviços ou ambientes bem concebidos, acessíveis e fáceis de usar;
  • Tem pouca dificuldade com todos os recursos;
  • Tem dificuldade com alguns recursos;
  • Tem dificuldades com a maioria dos recursos;
  •  É incapaz de usar os recursos.

Portanto, se o projeto for bem elaborado, considerando a acessibilidade e a usabilidade, serão beneficiadas pessoas de qualquer um desses perfis.  

Benefícios do Desenho Universal para a sociedade

A distribuição etária da população mundial está mudando dramaticamente. Como resultado do desenvolvimento da medicina e da adoção de estilo de vida mais saudável, a expectativa de vida das pessoas tem aumentado, o que provoca aumento da população com mais 65 anos. 
Os avanços na medicina também aumentam a expectativa de vida de pessoas com deficiência física, sensorial, mental ou intelectual, bem como deficiências severas ou múltiplas. 

O desenho universal proporciona benefícios que fazem toda a diferença na qualidade de vida desse público em expansão. 

  • Vida independente: permite que pessoas com diferentes graus de habilidade vivam de forma independente. 
  • Diferenças atendidas: as pessoas não têm a mesma habilidade, que pode variar segundo fatores internos ou externos.  

Benefícios do Desenho Universal para as empresas

A adoção do desenho universal provoca o aumento de mercados potenciais e o aumento da satisfação do cliente, além de outros benefícios relevantes para as empresas. 

  • Aumento do alcance do mercado: Um ambiente ou produto concebido com base nos parâmetros do Desenho Universal, e que portanto, pode ser usado por um número maior de pessoas, implica no aumento da diversidade de clientes em potencial. 
  • Satisfação e retenção do cliente: um cliente satisfeito tem o potencial de servir de multiplicador, divulgando o serviço para outras pessoas que tornam-se clientes potenciais. 
  • Market Crossover: o design voltado para um determinado público pode gerar interesse e demanda em mercados inesperados. Por exemplo, os produtos Oxo foram criados tendo em vista idosos com artrite, mas o design fez os produtos caírem nas graças do público em geral. 
  • Imagem Pública Positiva: a adoção do desenho universal demonstra que a empresa contribui positivamente para a sociedade, o que agrega a reputação de ter um alto nível de responsabilidade social corporativa. 
  • Conformidade com Legislação e Padrões: a acessibilidade e a usabilidade são geridas por legislação específica e pela definição de normas e diretrizes. O desenho universal não só promove a conformidade, mas também tem um potencial muito maior de melhorar a acessibilidade e a facilidade de uso além dos requisitos mínimos exigidos por lei.  

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Os 7 Princípios do Desenho Universal

Os 7 Princípios do Desenho universal foram desenvolvidos em 1997 por um grupo de trabalho de arquitetos, designers de produtos, engenheiros e pesquisadores de projetos ambientais na Universidade Estadual da Carolina do Norte.  

Princípio 1: Uso equitativo

O design pode ser usado por pessoas com diferentes graus de habilidade. Por exemplo:

  • Portas com sensores que se abrem automaticamente.
  • Assentos adaptáveis em áreas como arenas esportivas e teatros.
  • Rebaixamento completo da via, favorecendo a mesma condição de travessia a todos os pedestres.
  • Equipamentos de autoatendimento em alturas estabelecidas dentro de uma faixa ideal de alcance manual, permitindo o manuseio por pessoas sentadas ou em pé.

Princípio 2: Flexibilidade no uso

O design acomoda uma ampla gama de preferências e habilidades individuais. Por exemplo:

  • Tesouras que podem ser usadas em ambas as mãos.
  • Caixa eletrônico com feedback visual, tátil e auditivo, abertura para cartão afunilada e descanso para as mãos.

Princípio 3: Uso simples e intuitivo

O uso do design é fácil de entender, independentemente da experiência, conhecimento, habilidades linguísticas ou nível de concentração do usuário. Por exemplo:

  •  Uma esteira ou escada rolante em um espaço público.
  •  Um manual de instruções com desenhos ao invés de textos.

Princípio 4: Informações de fácil percepção

O design comunica a informação de forma efetiva, independentemente das condições do ambiente ou das habilidades do usuário. Por exemplo:

  • Dicas e instruções táteis, visuais e auditivas em um termostato.
  •  Sinalização redundante em aeroportos, estações de trem e metrô (por exemplo, comunicação por voz e visual).

Princípio 5: Tolerância ao erro

O projeto deve minimizar os perigos e as consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais. Por exemplo:

  • Chave de carro que pode ser facilmente inserida na fechadura em ambas as posições.
  • Recurso “desfazer” em programas de software que permite que o usuário corrija um erro sem ser penalizado.

Princípio 6: Baixo esforço físico

Pode ser usado de forma eficiente e confortável e com um mínimo de fadiga. Por exemplo:

  • Maçanetas do tipo alavanca em portas ou torneiras do tipo monocomando, acionadas por alavancas ou através de sensor.
  •  Lâmpadas de toque operadas sem interruptor.

Princípio 7: Dimensionamento e espaço para aproximação e uso

O ambiente ou elemento espacial deve ter dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente de tamanho do corpo, postura ou mobilidade do usuário. Por exemplo:

  • Controles dianteiros e espaço suficiente em torno de aparelhos, caixas de correio, lixos e outros elementos.
  • Portas de estações de metrô dimensionadas em função do fluxo, de forma que acomodem todos os usuários.

Referência:The Centre for Excellence in Universal Design

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